Em Agosto
Acomodar-se às coisas: aceitar
o formato de agosto – o vir do vento,
esta chuva que cai sem se cansar
e a experiência opressiva do ar cinzento.
Não forçar os limites, não tentar
ultrapassar a curva do momento;
não querer outra cor, outro lugar,
outro céu, outra fome, outro tormento. –
Ficar aqui, somente, esclarecido
pela justiça simples do possível,
que torna suave a rosa antes do olvido:
cumprindo uma tarefa que convém
e suportando o gume do sensível,
que arde em promessas sob a luz-ninguém
Paul Valéry
França
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